Pinguim nada 8.000 milhas todos os anos para se encontrar com o homem que salvou sua vida

4 de dezembro de 2020

Pinguins são conhecidos pela lealdade àqueles a quem destinam seu afeto, e se alguém ainda divida disso, basta tomar nota da história deste pinguim que todos os anos nada da Patagônia até uma praia brasileira para passar alguns meses com seu “melhor amigo”.

Um pequeno pinguim-de-magalhães nada todos os anos 8.000 milhas até uma praia brasileira para se reunir com o homem que salvou sua vida. Essa história pode até parecer enredo de uma fábula infantil, mas é verdade! A natureza nunca se cansa de nos surpreender.

O pescador João Pereira de Souza, de 71 anos, mora em um vilarejo nos arredores do Rio de Janeiro e encontrou o pequeno pinguim de Magalhães deitado nas rochas de uma praia em 2011.

O pinguim estava coberto de óleo e estava a um fio de vida. João então o resgatou, limpou o óleo das suas penas e o alimentou com uma dieta diária de peixe. O pescador até deu um nome a ele, Din Din.

Após uma semana de reabilitação, João tentou devolver o pinguim à natureza. No entanto, Din Din já havia criado um vínculo com seu socorrista e não queria ir embora.

“Ele ficou comigo por 11 meses e, logo depois de trocar de penas, desapareceu”, lembra João.

Mas o pinguim não demorou a voltar. Poucos meses depois, retornou à mesma praia. Ele viu João pescando e o seguiu até a sua casa, ficando com ele pelo resto do ano.

Surpreendentemente, esse ciclo se repetiu nos últimos cinco anos; a cada ano, Din Din passa aproximadamente oito meses com João e acredita-se que passe o resto do tempo nas costas da Patagônia na Argentina e no Chile.

“Eu amo o pinguim como se fosse meu próprio filho e acredito que ele também me ame”, disse João à TV Globo. “Ninguém mais tem permissão para tocá-lo. Ele os bica se o fizerem. Ele deita no meu colo, me deixa dar banho, me permite alimentá-lo com sardinha e buscá-lo.

“Todo mundo disse que ele não voltaria, mas ele vem me visitar nos últimos cinco anos. Ele chega em junho e volta para a sua casa em fevereiro. A cada ano ele se torna mais carinhoso, pois parece ainda mais feliz em me ver. ”

O professor Krajewski, um biólogo que entrevistou o pescador, disse ao The Independent :

“Eu nunca tinha visto algo assim antes. Acho que o pinguim acredita que João faz parte da família dele e provavelmente também um pinguim. Quando o vê, sacode o rabo como um cachorro faria.

Os pinguins vivem cerca de 25 anos e são conhecidos por sua lealdade a seus companheiros, ficando com o mesmo parceiro até o fim da vida.

No entanto, ambientalistas alertam que, embora se saiba que centenas de espécies de Magalhães migram naturalmente milhares de quilômetros ao norte em busca de comida, houve um aumento preocupante no fenômeno de criaturas oceânicas chegando nas praias do Brasil.

O professor David Zee, oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, disse que o aumento se deve em parte às mudanças climáticas globais .

Ele explicou: “Todos os anos, as fortes correntes oceânicas da região das Malvinas capturam e trazem muitas espécies de focas, baleias, golfinhos, tartarugas e pinguins para a costa brasileira. Isso está se tornando mais problemático devido às mudanças ambientais e à crescente frequência do el Niño, no qual o Oceano Pacífico está se aquecendo por períodos prolongados.

“As criaturas marinhas ficam confusas e perdidas à medida que são arrastadas para longe das ondas do seu habitat normal e terminam em áreas onde não conseguem sobreviver.”
O professor Zee acrescentou que os animais marinhos enfrentam “um maior perigo com a contínua contaminação dos oceanos com óleo e outros derivados” derramados pelos navios-tanque.

Felizmente, o final de João e Din Din foi feliz, embora seja ilegal no Brasil manter animais selvagens como animais de estimação.

O professor Krajewski disse: “Profissionais que trabalham com animais tentam evitar relacionamentos como esse, para que possam reintroduzir o animal na natureza. Mas neste caso isolado, as autoridades deixaram Din Din ficar com João por causa de seu apego ao amigo humano.

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Fonte: CONTI outra